Jamie Lee Curtis destacou-se como heroína de filmes de terror no começo de sua carreira, tornou-se uma grande atriz e nunca renegou seu passado de “scream queen“
Jamie Lee Curtis, filha do ator Tony Curtis e da atriz Janet Leigh (aquela da famosa cena do chuveiro em Psicose) ficou conhecida no comecinho dos anos 1980 como scream queen (“rainha do grito”). Jamie fez sua estreia no cinema em 1978, como a mocinha de Halloween – A Noite do Terror, filme de John Carpenter que virou febre e deu origem a uma série de continuações. A partir dali, Jamie se tornou, de fato, a rainha dos filmes de terror.


Após o lançamento de Halloween, em outubro de 1978, e seu imenso sucesso (é considerado o filme independente mais lucrativo daquela época), a atriz embarcou em uma onda quase interminável de gritos em 1979. Chegou a estrelar nada menos do que três produções consecutivas naquele ano: A Bruma Assassina (The Fog), Baile de Formatura (Prom Night) e O Trem do Terror (Terror Train).


Entre abril e maio, filmou A Bruma Assassina; entre agosto e setembro, Baile de Formatura (lançado em vídeo como A Morte Convida Para Dançar) e entre novembro e dezembro, filmou O Trem do Terror. Todos foram lançados em 1980: o primeiro em fevereiro, o segundo em junho e o terceiro em outubro. Haja gogó para gritar em tantos filmes! Em todos eles Jamie viveu papéis bem parecidos: a mocinha que vê os amigos serem assassinados brutalmente e tem que lutar para sobreviver até o final.


Mas os filmes de 1980 não tiveram o mesmo impacto de Halloween. Dos três, o que se saiu melhor com o público e a crítica foi A Bruma Assassina, também de John Carpenter. Os outros dois, filmados no Canadá, não obtiveram o mesmo sucesso, embora também não sejam considerados fracassos. Hoje, aliás, são cult entre os fãs do gênero. Como se não bastasse, em 1981 ela protagonizou mais dois filmes de terror/suspense: Enigma na Estrada (Road Games) e Halloween 2 – O Pesadelo Continua (Halloween 2).


Quem pensa que os gritos param por aqui se engana. Ainda no mesmo ano de 1981, estrelou o telefilme Mulher Ardente (Death of a Centerfold: The Dorothy Stratten Story), que apesar de não ser um filme de terror, não deixa de ser uma história trágica (e real). Para quem não sabe, é sobre a vida de Dorothy Stratten, uma jovem garçonete que virou modelo, se tornou uma das mais famosas garotas da Playboy e acabou assassinada pelo namorado.


Embora a fama de rainha do grito tenha marcado o começo profissional de Jamie Lee Curtis, sua carreira, ao longo dos anos, não ficou restrita ao terror. Muito pelo contrário, vide Trocando as Bolas (Trading Places, 1983), Perfeição (Perfect, 1985), Dominick e Eugene (Dominick and Eugene, 1988), Um Peixe Chamado Wanda (A Fish Called Wanda, 1988), Meu Primeiro Amor (My Girl, 1991), True Lies (1994) e O Alfaiate do Panamá (The Tailor of Panama, 2001), entre outros.

Em 2015, fazendo jus ao seu título, esteve no elenco da série Scream Queens, da Fox. Criada por Ryan Murphy e inspirada em filmes de terror dos anos 1980, era uma mistura de terror e sátira.


Mesmo tendo deixado de lado os papéis em filmes de terror, ela ainda participou de Halloween H20: 20 Anos Depois (Halloween H20: 20 Years Later, 1998), Halloween: Ressurreição (Halloween: Resurrection, 2002), Halloween Kills – O Terror Continua (Halloween Kills, 2021) e Halloween Ends (2022).

Pelo visto, Jamie ainda não havia esgotado seu estoque de gritos. “Eu apareço e faço o que tenho que fazer. E para mim precisa ser verdadeiro — qualquer coisa que eu faça, não importa o quê”, explicou a atriz. “Lembro que em Halloween, o primeiro e único comando de John Carpenter para mim, como diretor, foi: ‘Quero que as pessoas acreditem que você é uma pessoa real’. Me preocupo sempre em tentar parecer real. E como sou corajosa, tento de tudo”.

Em 2022, ganhou novamente os holofotes em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once), filme pelo qual levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar 2023.